"As ruas fervem em todo o Brasil. Jovens, e outros nem tanto, ocupam as cidades que o capital teima em tentar monopolizar para seu gozo exclusivo, exigindo transportes mais baratos e, cada vez mais, direito à livre manifestação. Com muito vinagre e fogo no lixão urbano, os manifestantes rebelados afrontam as bombas de gás, balas de borracha, e outras nem tanto, da repressão policial. Nos (tele)jornais, querem dirigir o que não puderam evitar, apresentando um vilão fantasmático: “a corrupção!”, para tentar desviar o foco da materialidade das contradições sociais que emergem com as centenas de milhares de pessoas nas ruas. Para eles, há os pacíficos e os vândalos. Bandeiras nacionais e hinos patrióticos representam a “verdadeira cidadania”, os partidos de esquerda seriam os “aproveitadores”. A linha é tênue, e varia conforme os humores dos manifestantes e as “sondagens de opinião”. Há quem, nas próprias manifestações, reproduza valores desse esforço ideológico para direcionar as mobilizações para a zona de conforto da classe dominante. Mas, os jornalistas dos monopólios da comunicação precisam se refugiar nos helicópteros e estúdios, porque sabem que a maioria ali não acredita no que dizem e nas ruas podem também ser brindados com o escracho dos que lutam. Lutam pelo que? O que explica a explosividade e a rapidez surpreendentemente desses acontecimentos? Aonde podem chegar? Qual o seu potencial? E os limites que precisam ultrapassar?" - Com esta breve introdução iniciamos nosso blog em junho de 2013. A luta continua e por isso este espaço continua aberto às analises!

sábado, 22 de junho de 2013

Guerra ideológica ou luta de classes


por Wálmaro Paz

O artigo de Juremir Machado publicado nesta data (22/06/2013) no Correio do Povo sob o título “Guerra ideológica” está na pista correta dos acontecimentos. Porém, a questão colocada é muito mais profunda. Em minha opinião, o que está sendo questionado é a democracia burguesa representativa e seus partidos sem representação nenhuma. É evidente que os discursos patrióticos de parte dos manifestantes nada mais são do que manobras dos movimentos fascistas em busca de uma solução total para o problema. A corrupção, característica inerente ao sistema politico vigente, também questionada não é por si só um problema: o sistema leva a ela.
Esta aliança de partidos que está no poder, construída pelo governo Lula antes de assumir, em sua reunião com Bush logo após a eleição, é o nó da questão. Na ocasião o líder operário, eleito presidente da república, retornou de sua visita ao país do Norte com o presidente do Banco Central nomeado. O condutor da política econômica seria o Meirelles, nada menos do que o mesmo que vinha conduzindo a economia do Brasil no governo anterior.
Em suma, Lula voltava de Washington com a garantia da posse em troca de continuar a política econômica traçada pelo consenso de Washington, (o centro do poder capitalista internacional). A democracia popular, eixo político do partido dos trabalhadores foi trocada pelo conceito de democracia representativa, eixo político do capitalismo internacional no qual o povo passa uma procuração total aos seus “representantes”, eleitos com financiamentos de campanha de empresários inescrupulosos.
Esta estrutura de poder é que, em nome da governabilidade, desgoverna o país. Uma aliança com antagonismos de classe dentro dela é inviável. É impossível governar para “todos os brasileiros”.  Não se pode servir a dois senhores. Ou se governa privilegiando os trabalhadores ou aos donos do capital. O que se tem feito é iludir aos mais pobres com políticas sociais compensadoras enquanto a renda fica cada vez mais concentrada nas mãos de poucos.
Essa situação que engana alguns durante algum tempo, é que leva a contestação e a revolta. Ela é a base de todos os movimentos sociais reunidos agora pela internet e pelas redes sociais, mas é o mesmo movimento que antigamente era feito pelos agitadores e lideranças através de panfletos e mosquitinhos em portas de fábricas ou de escolas. A solução é o retorno a política com o confronto de classes, sem mascaramento, cada partido representando sua classe social e defendendo seus interesses.
No caso brasileiro, a reeleição de Dilma depende de um retorno ao conceito de democracia popular, com a aliança entre os partidos representantes das classes populares abandonada por Lula ao iniciar seu governo. 

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