"As ruas fervem em todo o Brasil. Jovens, e outros nem tanto, ocupam as cidades que o capital teima em tentar monopolizar para seu gozo exclusivo, exigindo transportes mais baratos e, cada vez mais, direito à livre manifestação. Com muito vinagre e fogo no lixão urbano, os manifestantes rebelados afrontam as bombas de gás, balas de borracha, e outras nem tanto, da repressão policial. Nos (tele)jornais, querem dirigir o que não puderam evitar, apresentando um vilão fantasmático: “a corrupção!”, para tentar desviar o foco da materialidade das contradições sociais que emergem com as centenas de milhares de pessoas nas ruas. Para eles, há os pacíficos e os vândalos. Bandeiras nacionais e hinos patrióticos representam a “verdadeira cidadania”, os partidos de esquerda seriam os “aproveitadores”. A linha é tênue, e varia conforme os humores dos manifestantes e as “sondagens de opinião”. Há quem, nas próprias manifestações, reproduza valores desse esforço ideológico para direcionar as mobilizações para a zona de conforto da classe dominante. Mas, os jornalistas dos monopólios da comunicação precisam se refugiar nos helicópteros e estúdios, porque sabem que a maioria ali não acredita no que dizem e nas ruas podem também ser brindados com o escracho dos que lutam. Lutam pelo que? O que explica a explosividade e a rapidez surpreendentemente desses acontecimentos? Aonde podem chegar? Qual o seu potencial? E os limites que precisam ultrapassar?" - Com esta breve introdução iniciamos nosso blog em junho de 2013. A luta continua e por isso este espaço continua aberto às analises!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

O país vive uma sublevação popular


por André Ferrari

O país vive uma sublevação popular.
Não há direção política ou eixo programático unitário.
O fim do PT e da CUT criou um vazio político assustador.
A ausência de uma referência política de esquerda nos últimos 20 anos, incluindo a traição aberta do PT com Lula e Dilma nos últimos 10 anos, criaram uma geração que se indigna, quer lutar, toma as ruas, mas não parte (ainda) das referências classistas, de esquerda, socialistas.
Aliás, esquerda, partido, política, para muitos deles é o governo Dilma, é corrupção, é safadeza.
Entre um empurrão e outro, conversei com muitos jovens hoje na Paulista. A raiva em relação aos partidos é uma raiva difusa contra os políticos.
É também uma raiva contra quem manipula a vontade do povo.
A maioria não conhece, nem tem ideia de que o PSOL e o PSTU são o posição de esquerda ao governo Dilma e que fazem luta contra os governos há muito tempo.
Na manifestação, não ajudou nada o fato de que bandeiras do PT estavam próximas a nós.
O PT é o grande responsável por essa confusão na consciência de amplos setores. Acho que têm o direito de levantar suas bandeiras, mas que respondam por sua traição histórica.
Eles são o governo que queremos derrotar.
É evidente que hoje na manifestação havia uma direita organizada atuando.
Ela vai desde a FIESP até bandos de conotação "fascista" e P2s.
Esses setores encontram eco fácil em parte da massa na hostilização aos partidos e sabem fazer o seu trabalho.
Mas, isso não significa necessariamente que a coisa vai dar numa base de massas para o "fascismo" ou algo do tipo.
Vamos com cuidado, senão entregamos de bandeja esse movimento para quem saberá utilizá-lo muito bem. E contra nós.
A esquerda se organizou pa ra o Ato. isso é bom e precisa continuar. Mas, continuar em um patamar superior.
A esquerda socialista e classista, independente de governos e patrões, precisa se unificar para o próximo período.
Qualquer sectarismo e estreiteza autoproclamatória representa suicídio. É bom aprendermos de vez essa lição.
A classe trabalhadora enquanto classe também precisa entrar em cena.
A disputa da consciência nas ações do MTST e outros ontem em Taboão da Serra e M'boi Mirim é muito mais favorável.
Nas fábricas e locais de trabalho também.
Ainda será difícil, mas as condições serão melhores.
Um Encontro Nacional de trabalhadores que tire um eixo programático para as lutas e prepara o caminho para uma greve geral de 24 horas pode aos poucos reconstruir uma referência política para amplas massas.
Essa é a tarefa imediata!!
Sem isso, ficaremos disputando espaço na Avenida Paulista e brigando pelo direito de levantar uma bandeira.
Quero mais. Podemos ter mais.
A esquerda socialista brasileira precisa sair da rotina dos 20 anos passados.
A situação virou. Tentemos estar à altura.

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